Quando o Oriente e Ocidente se encontram

Quando o Oriente e Ocidente se encontram

 

Quando o Oriente e Ocidente se encontram

Jovens espanhóis recebidos de modo único na Síria retribuem o gesto.

 

Madrid, March 21, 2011 - Muitas vezes, quando se pede a um ocidental que receba um hóspede, por pequena ou grande que a seja a visita, a primeira preocupação dele é pensar se a sua casa estará à altura das circunstâncias. Podendo optar, muitos prefeririam não abrir a sua casa aos hóspedes ao acharem que o seu lar não parece o de uma revista de design de interiores. Na Síria, o conceito de hospitalidade não tem nada a ver com o estado da casa. 

Em Dezembro de 2009, um grupo de 27 organizadores da Jornada Mundial da Juventude voou de Madrid para Alepo, a convite do arcebispo arménio da cidade, Boutrous Marayati. O propósito da viagem era visitar o lugar da conversão de São Paulo e seguir as suas pisadas para entender com mais profundidade o lema da JMJ: “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé” tomado da Carta de São Paulo aos Colossenses. 

Ao chegar à Síria depararam com um acolhimento fundamentado no carinho que nasce da partilha da mesma fé. Uma das anfitriãs era uma idosa que não tinha duche em sua casa, mas contava com duas camas livres. Não teve dúvidas em hospedar dois membros da delegação, mesmo sabendo que teriam que ir à casa de um vizinho para tomar banho. 

Francis Muamba, um congolês que trabalha na JMJ e que participou na viagem, perguntou a essa idosa o que a levava a hospedar os jovens, ao que ela respondeu: “Acolho e partilho o que tenho”. Muamba disse: “Isso comoveu-me muito. Era feliz por partilhar connosco o pouco que tinha. Enquanto outros, frequentemente, evitam fazer o mesmo porque as suas casas não são perfeitas” 

Muamba descreve a comunidade de Alepo como uma comunidade muito unida, fortemente ligada à sua identidade cristã e às suas paróquias: “Há três coisas fundamentais na vida dos cristãos de Alepo: a casa, o trabalho ou a escola e a paróquia. A paróquia faz parte das suas vidas quotidianas” 

Outra participante foi Imaculada Molina, que também trabalha para a JMJ no departamento das dioceses: “Foi uma experiência de hospitalidade e amor cristão totalmente distinta que guardarei sempre comigo”. Como a viagem foi durante o período natalício, de 29 de Dezembro a 10 de Janeiro, cada noite era uma celebração: “Organizaram para nós um show de música e bailes tradicionais todas as noites. A última noite prepararam-nos um banquete digno de reis”. Contava Molina que para poder oferecer tudo isso aos seus convidados, as famílias de acolhimento estiveram recolhendo fundos durante um ano. 

Além da grande hospitalidade com que foram acolhidos, Molina ressalta que o que mais a comoveu foi a unidade entre os membros da comunidade: “São uma minoria, 7% da população e, entre eles, apenas uma pequena minoria são católicos. Disfrutam de certa liberdade, mas nada comparado com o que nós estamos acostumados” 

Ao ser uma minoria dentro de uma minoria, os cristãos de Alepo não se concentram nas diferenças entre os distintos ritos católicos. “São simplesmente cristãos”, conta Molina: “se não há Missa num rito, participam na Missa de outro rito. É algo realmente bonito” 

syriagrupoEm Agosto receberemos 90 jovens de Alepo que participarão na JMJ. “Esperamos ser capazes de dar-lhes o mesmo colhimento que eles nos deram”, comentou Molina acrescentando que, desde que foram à Síria, o grupo de colaboradores tem reuniões periódicas para conseguir meios económicos e materiais para assegurar que os jovens sírios recebam o mesmo tratamento que eles receberam na Síria.

A delegação de Alepo celebrará os “Dias na Diocese” em Toledo, cidade que eles próprios escolheram pelos seus laços com a cultura do Oriente.

O grupo estará nessa cidade durante os cinco dias anteriores à JMJ de Madrid. Serão acolhidos pelas famílias toledanas, visitarão igrejas e basílicas da diocese e participarão em actividades culturais para lhes mostrar a música, bailes e costumes locais.

“Somente queremos fazer por eles o que eles fizeram por nós” afirma Molina. 


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